Sentado à porta de um hotel..., cá estou em meu estado semi-alcoolizado
Em minha frente, um quarteirão de fachadas destruídas, como minha mente.
Prefiro estar só... a agitação insana... eu não a sinto...
Pareço afogado num rodamoinho de dor, desgraça, loucura e desespero
As prostitutas vem e vão... estou quase sem sentidos. Elas passam tão velozes...
Pessoas jogam suas raivas e ilusões, no ralo de esgoto aberto, chamado madrugada
Ando desnorteado, em meio aos desacordados etílicos
Respiro um frenesi psicótico, disfarçado em odores de bebidas.
Os passos arrastam-se. Sinto de novo, levemente, as correntes em meus tornozelos...
Já é hora de ir para casa. O trem não tarda, para voltarmos à realidade
Do alto da passarela, as torres de TV para mim, são grandes árvores de Natal
E o Cristo, com sua luz verde, apenas um velho senil, a abençoar uma cidade morta.
Pulo o muro da estação. Não enxergo o chão, é tão escuro quanto o meu coração...
Então começo a caminhar pelos trilhos, como um parasita querendo enxergar a luz
Os prédios em volta, não os vejo, são apenas gigantescas lápides opacas...
Ainda mais negras e sombrias, à medida em que o dia começa a clarear
Não sei, mas acho que a luz do Sol continua a me fazer mal...
Assim como Byron Moore, somos vistos como aberrações
Por isso preferimos ocultar os nossos sentimentos angustiados, na escuridão.
Os raios solares, começam a iluminar o ambiente... é muito traumático...
Lembro-me, do que eu implorei para esquecer, então... começo a chorar...
Acho que se eu não fizesse aquilo, iria cometer um ato de loucura
As lágrimas fundem-se com o ar frio, dos últimos resquícios noturnos
Chego a estação... estou acabado. Nem sei o quanto andei, parecem muitas milhas
As luzes do Centro, começam a apagar-se. Infelizmente mais um dia começa
Sinto um falso alívio, ou é a ressaca que não vingou...?
O trem vem chegando e com ele, um certo ar nostálgico
Mas será que também é tão mentiroso quanto a vida real?
Por enquanto não quero saber. As portas se abrem.
Quero... por alguns momentos esquecer..., que eu existo...
Asteartea, 2004ko apirilaren 6a.
Terça, 6 de abril de 2004.
Na playlist: Cazuza - Um trem para as estrelas
Belo, intrigante e perversivo...
ResponderExcluir.
como sempre brilhante Chefe
(Gigante-MPD.ZO)