sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Caos na 'Cidade Olímpica' - SuperVia, um dia no olho do furacão


(foto: site do Limão)

Uma hora, até a paciência dos monges acabam. Que dirá dos seres humanos 'comuns' como eu, você e tantos outros. O que está se vendo, no transporte coletivo de massa, no Rio de Janeiro, é um prelúdio do que se espera nos próximos meses, se algo não for feito. Já passou da hora.

A SuperVia, consórcio privado que ganhou o direito, de possuir os trens que rodam no Rio de Janeiro, e cidades da região metropolitana, desde 1998, chegou ao seu limite de tolerância, na mente e no coração de seus usuários. O que se tem visto, nos últimos dias, é a prova de sua total incompetência, em prestar um serviço de qualidade à população.

São 550 mil pessoas/dia, que são transportadas em seus trilhos. Este número antes da privatização, na época da CBTU, chegou há um milhão/dia. Em 11 anos, mudou-se, mas muito pouco. Trens foram reformados, trens foram comprados, mas o serviço caiu drásticamente, ou melhor, ele regrediu.

Não bastasse os trens sucateados, que são jogados para os ramais de Japeri e de Santa Cruz, as pessoas que usam este meio de transporte, se viram massacradas em todos os sentidos. Desde atrasos nos horários e filas de espera, até agressões desnecessárias de guardas ferroviários, como no incidente em Madureira.

Onde agentes de uma firma terceirizada, para forçar a entrada, em um trem super lotado, usaram as cordas de crachás e apitos, para baterem nos passageiros que travavam as portas. Uma atitude covarde, desnecessária e insana de pessoas, que se dizem 'treinadas até a exaustão' para servir e proteger os viajantes de trem.

Os eventos que aconteceram esta semana e, que foram amplamente citados em todos os tipos de mídia, já era previsível, e não era de hoje, mas de no mínimo 5 anos. A população que já é motivo de todo o tipo de humilhação, tanto na rua, como em casa, como no serviço, chegou há um grau de insatisfação, que mesmo sendo errônea, se fez necessária. As pessoas acordaram e disseram, mesmo que destrutivamente, que eles tem o direito sim, de cobrar um serviço de qualidade e eficiência, pois o mínimo que eles merecem é conforto, em todas as estações, e em todas as linhas, sem exceções.

A Globo, chamou quem fez o quebra-quebra, de vândalos. O governador do Rio, Sérgio Cabral, filho de um escritor e cronista que eu adimiro muito, Sérgio Cabral - pai, mais do que ninguém, até porque nasceu no bairro carioca de Cavalcante, deveria saber, o que o trabalhador passa. Pois ele mora perto de uma das maiores estações do Rio de Janeiro. A de Madureira. Chamar quem fez isso, de vagabundo, apontar o dedo, sem saber para onde se atira, é incorreto e, digno de uma bela bronca.
 
Tudo bem que quem incendiou o trem em Mesquita, quem depredou 4 estações na quarta-feira e, quem promoveu o tumulto na Central, realmente estava errado. Mas depois, de um dia exaustivo de trabalho, com tantos problemas para se chegar, o patrão não querendo saber, e quando se pega o trem para casa, todos os ramais param, sem prévio aviso, querem que aconteça o que? Que ninguém abra a boca? Que ninguém reclame?

Alguma coisa precisa ser feita urgentemente. A Olimpíada não terá sentido, em uma cidade onde uma boa parcela da população sofre, com um transporte coletivo de péssima qualidade. Vou ficar de olho com toda a certeza do mundo. Vamos ter 11,231 bilhões de investimentos (quase 40% do montante total de 28,9 bi) em infraestrutura para transportes. Contemos na ponta do lápis, o que será aplicado, e o que será desviado. Se nada for feito, em 2016 ou até antes, essas cenas vão se repetir.

O que a mídia não mostrou


Parte 1 - Protesto do povo na Central do Brasil


Parte 2 - Chegada da Polícia e desabafo

sábado, 3 de outubro de 2009

Uuuuuhhhh...., eles acreditaram!!!


Foto: Reuters, alterada por Falso Anjo Lain (crianças, não tentem isso em casa... rsrs)

Esse bordão do personagem 'Seu' Saraiva, interpretado brilhantemente, pelo falecido Francisco Milani, reflete bem o que se passa em minha cabeça, depois do anúncio de que o Rio de Janeiro, foi nomeado sede, da 31ª Olimpíada da Era Moderna.
O sorriso do 'ingênuo' presidente Lula, do 'famigerado' Sérgio Cabral e da 'máquina da maldade' Eduardo Paes, não deixavam dúvidas. Eles conseguiram fazer o COI acreditar que a Cidade Maravilhosa, era a melhor escolha.

Decretaram ponto facultativo em toda a cidade, ou seja, mais uma desculpa para o carioca não trabalhar em uma sexta feira. Não estou dizendo que o carioca seja um vagabundo, mas com uma coisa dessas, é mais um motivo para fazer os outros acreditarem que ainda, estamos na idade da trevas, ao qual caçamos quando estamos com fome e neste intervalo, ficamos 'coçando à beira-mar'.

100 mil pessoas em Copacabana, sol, mar, e nos esquecendo dos problemas, como os mendigos que ficam há poucas quadras mais para dentro do bairro, os pivetes cheirando cola, e as favelas como verdadeiras panelas-de-pressão. Mas o que importa né? 'Brasil ame-o ou deixe-o' como diziam os milicos... e dá-lhe maquiagem no resto.

Sorrisos de nervoso, em quem confiava na vitória e quem torcia contra. Uma a uma, as cidades foram dando adeus, e ficaram apenas duas: Rio e Madrid. Eu com os meus botões, já disse: é, o Rio leva. Duas olimpíadas na Europa, seguidamente, não acontecem desde Londres-48 e Helsinki-52.

No mais, foi apenas aguardar o anúncio. O grito na praia, a minha desilusão em casa. No mais, veio em minha mente, a frase do pensador brasileiro Leandro Hassum, no 'Nóis na fita'... FUDEU DE VEZ.

Até agosto de 2016, muita água vai rolar por debaixo da ponte. Suja, logicamente. E vai, como sempre desaguar em nossas cabeças. Reconstruir uma cidade arruinada, durante décadas de descaso, com os menos favorecidos, que abre as pernas, aos ricaços, que convive com uma hemorragia sem controle, por causa da violência, em todos os sentidos...

Mas, contou aos membros do COI, que o Rio é uma cidade que ri, careada, amarelada, insossa... e não é que eles acreditaram????