(foto: site do Limão)
Uma hora, até a paciência dos monges acabam. Que dirá dos seres humanos 'comuns' como eu, você e tantos outros. O que está se vendo, no transporte coletivo de massa, no Rio de Janeiro, é um prelúdio do que se espera nos próximos meses, se algo não for feito. Já passou da hora.
A SuperVia, consórcio privado que ganhou o direito, de possuir os trens que rodam no Rio de Janeiro, e cidades da região metropolitana, desde 1998, chegou ao seu limite de tolerância, na mente e no coração de seus usuários. O que se tem visto, nos últimos dias, é a prova de sua total incompetência, em prestar um serviço de qualidade à população.
São 550 mil pessoas/dia, que são transportadas em seus trilhos. Este número antes da privatização, na época da CBTU, chegou há um milhão/dia. Em 11 anos, mudou-se, mas muito pouco. Trens foram reformados, trens foram comprados, mas o serviço caiu drásticamente, ou melhor, ele regrediu.
Não bastasse os trens sucateados, que são jogados para os ramais de Japeri e de Santa Cruz, as pessoas que usam este meio de transporte, se viram massacradas em todos os sentidos. Desde atrasos nos horários e filas de espera, até agressões desnecessárias de guardas ferroviários, como no incidente em Madureira.
Onde agentes de uma firma terceirizada, para forçar a entrada, em um trem super lotado, usaram as cordas de crachás e apitos, para baterem nos passageiros que travavam as portas. Uma atitude covarde, desnecessária e insana de pessoas, que se dizem 'treinadas até a exaustão' para servir e proteger os viajantes de trem.
Os eventos que aconteceram esta semana e, que foram amplamente citados em todos os tipos de mídia, já era previsível, e não era de hoje, mas de no mínimo 5 anos. A população que já é motivo de todo o tipo de humilhação, tanto na rua, como em casa, como no serviço, chegou há um grau de insatisfação, que mesmo sendo errônea, se fez necessária. As pessoas acordaram e disseram, mesmo que destrutivamente, que eles tem o direito sim, de cobrar um serviço de qualidade e eficiência, pois o mínimo que eles merecem é conforto, em todas as estações, e em todas as linhas, sem exceções.
A Globo, chamou quem fez o quebra-quebra, de vândalos. O governador do Rio, Sérgio Cabral, filho de um escritor e cronista que eu adimiro muito, Sérgio Cabral - pai, mais do que ninguém, até porque nasceu no bairro carioca de Cavalcante, deveria saber, o que o trabalhador passa. Pois ele mora perto de uma das maiores estações do Rio de Janeiro. A de Madureira. Chamar quem fez isso, de vagabundo, apontar o dedo, sem saber para onde se atira, é incorreto e, digno de uma bela bronca.
Tudo bem que quem incendiou o trem em Mesquita, quem depredou 4 estações na quarta-feira e, quem promoveu o tumulto na Central, realmente estava errado. Mas depois, de um dia exaustivo de trabalho, com tantos problemas para se chegar, o patrão não querendo saber, e quando se pega o trem para casa, todos os ramais param, sem prévio aviso, querem que aconteça o que? Que ninguém abra a boca? Que ninguém reclame?
Alguma coisa precisa ser feita urgentemente. A Olimpíada não terá sentido, em uma cidade onde uma boa parcela da população sofre, com um transporte coletivo de péssima qualidade. Vou ficar de olho com toda a certeza do mundo. Vamos ter 11,231 bilhões de investimentos (quase 40% do montante total de 28,9 bi) em infraestrutura para transportes. Contemos na ponta do lápis, o que será aplicado, e o que será desviado. Se nada for feito, em 2016 ou até antes, essas cenas vão se repetir.
O que a mídia não mostrou
Parte 1 - Protesto do povo na Central do Brasil
Parte 2 - Chegada da Polícia e desabafo
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário